Da Capital do Chimarrão ao Oriente Médio: o novo destino da erva-mate

Já dizia Pedro Schwengber, o Pedrão (em memória): “Um dia o mundo ainda vai tomar chimarrão”. E a frase vem, cada vez mais, se tornando realidade. Isso porque, desde 2011, a ervateria Elacy tem vendido a matéria-prima do chimarrão para diversos países. A mais recente conquista foi exportar, no início deste mês, o primeiro contêiner de erva-mate para a Síria, país localizado no Oriente Médio.

O produto vai embalado em bolsas de 50 quilos. Segundo o sócio-proprietário da ervateira, Gilberto Heck, o Oriente Médio é um mercado de elevado consumo, sendo considerado o quarto maior consumidor de erva-mate. “Devido à grande demanda, podemos levar em torno de cinco anos para ter autonomia de cobrir a demanda do Oriente Médio”, avalia. Atualmente, a exportação representa 60% a 65% do faturamento da empresa, que já está em tratativas para comercializar para Polônia e Turquia.

Mas, claro, além da Síria, a erva-mate produzida na Capital Nacional do Chimarrão também tem como destino outros países: Uruguai, Chile e Argentina. Apesar de, no ano passado, a empresa gaúcha ter rompido tratativas com a Argentina, devido à barreira de comercialização e também por conta das dificuldades de pagamento por parte do Banco Central do país vizinho, no segundo semestre de 2023 a ervateira Elacy deve retomar o abastecimento do produto do tipo uruguaio no país.

A empresa também segue em negociação com os países da Europa, para comercializar pequenos volumes da matéria-prima que devem ser utilizados na fabricação de outros produtos como, por exemplo, refrigerante. “A exportação é um objetivo realizado”, diz Heck. Mas, apesar de ter um mercado externo já consolidado, a Elacy também preza por seguir servindo as demandas internas, mais cativas e sólidas.

A erva-mate exportada

Apenas o Rio Grande do Sul possui o hábito de consumir a erva-mate bem verdinha. Nos países que recebem o produto da Capital do Chimarrão, a erva é consumida mais maturada. Por isso, antes do processo de exportação, ela precisa ser estocada por um período de nove a 12 meses. Durante o processo, a erva-mate passa pelo procedimento de sapeco, no qual a folha é submetida a uma secagem de 600 graus para abertura dos poros e, com isso, acaba neutralizando os nutrientes da árvore-símbolo do Rio Grande do Sul. Heck explica que de 120 a 150 dias essas substâncias começam a estabilizar novamente e, por isso, se considera que a erva-mate maturada possui mais riquezas para a saúde.

US$ 2.471.737,00

Foi o valor de erva-mate exportado em 2022, de acordo com o Ministério da Economia. Neste ano, o montante já chega a US$ 240.040,00.

Curiosidades

• A erva-mate (Ilex paraguariensis) é um legado dos índios guaranis como planta medicinal e estimulante.

• Em 8 de dezembro de 1980, ela foi instituída como árvore-símbolo do Rio Grande do Sul pela lei n° 7.439.

• Na última terça-feira, 13, a erva-mate foi reconhecida como primeiro patrimônio imaterial do Rio Grande do Sul.

• O Rio Grande do Sul é o maior produtor de folha verde de erva-mate no país e o maior exportador nacional do produto.

• Em Venâncio Aires, conhecida como a Capital Nacional do Chimarrão, são em torno de 370 famílias produtoras de erva-mate. Palanque, Travessa, Santa Emília são as localidades com maior número de produtores.

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