Venâncio prepara os 200 anos da imigração alemã; ouça entrevista com Sandro Kroth

Começa a contagem regressiva para os festejos do bicentenário da imigração alemã no Brasil. Na região, Venâncio Aires deu o pontapé inicial ao apresentar o selo municipal em prol das comemorações. Embora a Capital do Chimarrão tenha sido a pioneira, a intenção é agregar os municípios da região. A primeira leva oficialmente capitaneada pelo governo imperial chegou em 25 de julho de 1824.

A medida foi destacada pelo responsável pelo departamento de Cultura da Prefeitura da Capital do Chimarrão, Sandro Kroth, em entrevista ao programa jornalístico Terra em Uma Hora, da Terra FM, desta segunda-feira,dia 20. O selo foi apresentado no sábado à noite, dia 18, em evento promovido pelo grupo de danças folclóricas Alemãs Die Schwalben, no Luizão, em Vila Santa Emília.

Venâncio Aires a partir de agora inicia a captação de recursos e composição da programação especial a ser celebrada em2024. Durante a entrevista, Kroth destacou que a meta é construir uma programação histórica que reafirme a importância da contribuição cultural dos germânicos para o desenvolvimento da Capital do Chimarrão e região. Localmente, o legado dos alemães está presente na organização comunitária, na espiritualidade, na educação e nas diversas manifestações culturais.

Dentre as intenções da comissão organizadora municipal está em promover, pelo menos dois, desfiles temáticos germânicos no Centro da cidade como forma de favorecer o turismo regional. Na região ocorre algo parecido em Santa Cruz do Sul durante a realização da Oktoberfest. Lá são agregados carros alegóricos, centenas de figurantes e bandinhas típicas, que ressaltam a tradição, cultura, família e culinária.

Outra atração que pode estar na programação é a realização de um encontro sul-americano de grupos de danças folclóricos alemães, ao envolver Rio Grande do Sul, Santa Catariana e Paraná. Caso a seja possível promover o evento interestadual, a referência das apresentações ficarão concentradas no Parque Municipal do Chimarrão.

Dialeto que favorece a preservação da identidade cultural

A valorização da cultura e da educação fez com que os imigrantes alemães que chegaram em sucessivas levas conseguissem a partir do dialeto Hunsrück manterem-se unidos em seus valores morais, éticos e preservarem,acima de tudo, suas origens. O dialeto é falado ainda hoje,após 198 anos desde o início da imigração oficial no Rio Grande do Sul.

Essa memória oral foi repassada por sucessivas gerações e isso faz com que muitos ainda hoje em diversos pontos do município e da região prefiram o Hunsrück ao invés do português. A medida também foi destacada na entrevista para a Terra FM por Sandro Kroth, que ressaltou que a medida atéhoje interfira, até mesmo, no mercado de trabalho.

O dialeto Hunsrück,original da Alemanha, foi adaptado no Brasil. Durante a Segunda Guerra Mundial, com o Estado Novo, a língua alemã foi proibida. Os descendentes ao ignorarem a medida garantiram a preservação oral do dialeto até os dias atuais. Tanto é que a professora venâncio-airense Solange Hamester Johann, radicada hoje em Santa Maria do Herval, é defensora de uma ação intitulada deProjeto Hunsrik, que tem a finalidade de preservar e incentivar o dialeto da forma como é falado aqui. A lei estadual 14.061, de 27 de julho de 2012, declarou o Hunsrik – escrito dessa forma mesmo –como patrimônio cultural do Rio Grande do Sul.

O início

A chegada dos 39 primeiros imigrantes ao Brasil é celebrada com festa em muitos municípios da região. Com cerca de 230 mil habitantes, São Leopoldo é considerada o berço da imigração alemã no Brasil. Imigrantes chegaram na cidade no dia 25 de julho de 1824. Lá, como é Venâncio Aires, é feriado municipal. Eles vieram atraídos por um programa criado pelo governo imperial, que ofertava área de terras,ferramentas, moradia, sementes, animais e um determinado valor temporário.

Contudo, apenas os primeiros imigrantes puderam contar com as promessas governamentais.As levas subsequentes não tiveram acesso a série de benefícios,tendo de enfrentar muitas dificuldades. Se muitos buscavam melhoria econômica e social, outros estavam cansados da instabilidade,especialmente nas fronteiras.

No entanto, a história brasileira registra a participação de alemães no Brasil desde a sua descoberta. Os primeiros vieram junto com Pedro Álvares Cabral. Meister Johann, de Emmerich, astrônomo e cosmógrafo, foi conselheiro náutico e médico de Cabral. Foi Meister Johann quem nomeou e descreveu cientificamente as estrelas que compõem a constelação do Cruzeiro do Sul. Também acompanharam Cabral outros 37 alemães, entre soldados, cozinheiros e astrônomos.

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