No último sábado, 18 de março, a capital da Letônia se transformou num pedacinho de Londres, para celebrar um dos mais famosos personagens da literatura britânica – o detetive Sherlock Holmes. O irreverente investigador protagoniza filmes e séries de grande sucesso, baseados nas obras literárias do escritor inglês Arthur Conan Doyle. Criado durante a era vitoriana, em 1887, Holmes e seu fiel escudeiro, James Watson, cativaram os leitores quando surgiram pela primeira vez no romance Um Estudo Vermelho. Seu sucesso, no entanto, deslanchou com o terceiro conto de Doyle, Um Escândalo na Boemia, publicado pela renomada revista da época, Strand Magazine, onde os ávidos leitores encontravam também as histórias de Agatha Christie, outra personagem clássica da literatura policial britânica.
A história do brilhante detetive particular fisgou a atenção do mundo com seu jeito tipicamente britânico investigando as cenas do crime e suspeitos através de detalhes não percebidos pelos menos meticulosos. Holmes era um detetive observador, decifrando pistas de maneira obssessiva, interpretando o comportamento dos suspeitos e resolvendo mistérios considerados sem solução. Seu assistente Dr Watson, médico e melhor amigo de Sherlock, era na verdade a única pessoa capaz de compreender as teorias do famoso detetive. Os dois formam uma das duplas mais conhecidas no mundo da televisão e cinema nas mais variadas interpretações e adaptações. Elementar, meu caro Watson, é uma das frases mais conhecidas do investigador. Na ficção, eles se conheceram na obra literária Um Estudo em Vermelho, quando o médico estava em Londres recuperando-se de lesões sofridas durante a segunda guerra Afegã. A partir dai a história de Sherlock e Watson ganha vida e os dois vão moram juntos no famoso endereço Baker Street, número 221b na capital britânica. Neste local hoje em dia encontra-se o museu de Sherlock, decorado tal e qual como nas obras de Doyle e com vários símbolos e peças icônicas das aventuras de Holmes. O bairro em torno do conhecido endereço apresenta ainda várias obras de arte relembrando o brilhante detetive. Na estação de metrô Baker Street, murais estampando Sherlock com seu famoso cachimbo, se destacam nas paredes e bancos da histórica estação.
Com fãs espalhados em cada canto do mundo, Sherlock Holmes desde o início de seus contos cativou espectadores. Inclusive nas repúblicas bálticas, durante o período da União Soviética. Entre 1979 e 1986 Riga foi escolhida como o cenário principal para a gravação da primeira produção televisiva soviética composta de cinco séries divididas em onze episódios retrando as aventuras de Sherlock Holmes. O sábio detetive desvendava enigmas e casos difíceis trazendo entretenimento aos lares soviéticos. E desde então os moradores de Riga, e todo país na verdade, têm grande carinho pelo personagem.
Desde 2011, fãs se reúnem no aniversário de Sherlock Holmes, dia 6 de janeiro, para reverenciar o famoso personagem. A partir deste ano, no entanto, devido às tempestades de neve do inverno rigoroso, o festival foi transferido para março e assim no último sábado as ruas da capital letã foram invadidas por jovens e adultos vestidos em trajes vitorianos, de boina xadrez, alguns com cachimbo na boca e com a famosa valisa na mão, prontos para entrar no mundo da imaginação e decifrar mais um crime. Senhoras com chapéus coloridos e xales de pele desfilaram na passeata que percorreu as ruas do centro histórico de Riga. Muita música escocesa e carros antigos completaram o desfile temático que neste ano centrou-se no no tema de desinformação já que na Letônia 30% da população tem origem russa e a máquina da desinformação do país vizinho se torna uma constante ameaça ao território letão. De acordo com uma das organizadoras, Vladislava Galkina, o evento atrai inúmeros visitantes estrangeiros assim como a população local que aproveitam o dia para se divertir, dançando e assistindo às apresentações relembrando o seriado. Os melhores trajes são premiados durante o encerramento do festival.