Veja como Blumenau saiu da maior enchente da história de SC para um exemplo na Defesa Civil

Não é preciso ir muito longe no tempo para lembrar quando Blumenau, em Santa Catarina, foi fortemente atingida por uma enchente de grandes proporções. Em 2008 a cidade foi uma das principais vítimas daquela que ainda é a maior cheia da história do estado vizinho. Conforme a Defesa Civil catarinense, 150 pessoas morreram e 80 mil ficaram desalojadas. Só no município, 300 famílias ficaram desabrigadas. Além disso, 14 Prefeituras decretaram situação de calamidade.

Assim como o que acontece no Rio Grande do Sul, a tragédia climática trouxe todos os holofotes do país para a região banhada pelo rio Itajaí-Açu. No caso de Blumenau, o colapso deixou uma lição. “Hoje temos um plano de contingência para atender tanto enchentes, quanto deslizamentos. Nós nos estruturamos para atender essa demanda. Hoje, se tivermos uma enchente, já sabemos qual vai ser o primeiro abrigo a abrir e o último. Quem vai coordenar já sabe de onde vêm os colchões, a comida. Isso tudo já está estruturado”, explicou o prefeito Mário Hildebrandt, em entrevista ao programa jornalístico Folha 105 – 1ª Edição, da Rádio Terra FM, desta segunda-feira, 13.

Nem por isso os eventos climáticos deixaram de fazer parte do cotidiano blumenauense, como conta Hildebrandt. No ano passado, foram contabilizadas 15 enchentes, além de 600 deslizamentos. No entanto, o que mudou foi a maneira como o Poder Público e a população conseguiram lidar com a realidade posta.

A mudança começa na escola. Com programas promovidos pela Defesa Civil local com estudantes, a fim de conscientizar, desde cedo, os moradores. Além disso, o planejamento municipal é capaz de prever o que enchentes de diferentes proporções podem causar de impacto. “Se a água sobe tantos metros, o habitante sabe se vai alcançar a sua rua ou não”, conta.

Além disso, a Defesa Civil de Blumenau tem estrutura de secretaria no Executivo. Em termos de profissionais, é tão grande quanto a nacional, de acordo com o prefeito. Nela, atuam meteorologistas, geólogos, engenheiros e demais especialistas, que conseguem fazer previsões e projeções do rio. Também estão instalados pluviômetros espalhados pelos bairros, o que permite o monitoramento das regiões da cidade. Outra ferramenta instalada que ajuda na contenção são os diques. Na cidade catarinense, são cinco, que protegem diferentes bairros. Inclusive, possibilidade de instalação do recurso no arroio Castelhano, em Venâncio Aires, foi ventilada pelo prefeito Jarbas da Rosa, neste domingo.

Todo esse trabalho é focado em prevenção. Porém, Mário Hildebrandt, pondera que, além do investimento municipal nos setores, também é importante a população acreditar e seguir as orientações. “Alguém precisa acreditar. Não basta o prefeito avisar e a comunidade fazer de conta que nada aconteceu e não sair de casa”, conclui.

Visita em 2023

Uma comitiva de representantes da Associação dos Municípios do Vale de Taquari (Amvat) esteve em Blumenau em dezembro do ano passado para conhecer o exemplo da cidade catarinense. A comitiva regional foi acompanhada por Jarbas da Rosa, a secretária de Planejamento e Urbanismo, Deizimara Souza, e pelo coordenador local da Defesa Civil, Luciano Teixeira.

A visita técnica foi motivada pelo Seminário Pensar o Vale Pós-enchente, realizado em Lajeado, onde o tema debateu ações e decisões necessárias após a então maior tragédia natural do Rio Grande do Sul, em setembro de 2023. Além de conhecerem a Prefeitura e Defesa Civil, as autoridades foram a campo visitar a rua Netuno, local atingido novamente por um deslizamento de terras no mês de novembro, o dique da Fortaleza, além dos sensores de monitoramento do nível do Rio Itajaí-Açu e das réguas de medição.

Veja a entrevista na íntegra

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