Por Débora Kist/Folha do Mate
Aos 90 anos, Alberto Oliveira da Cruz é só um pouco mais moço que seu fiel companheiro diário, que já chegou aos 100. Vô Beto, como é conhecido, nasceu em 1932, quando o rádio, no Brasil, ainda era um ‘menino de calça curta’. Mas foi apenas na década de 1960, quando ele já tinha esposa e os filhos, que teve oportunidade de comprar o primeiro aparelho, resultado de uma promessa após uma boa colheita de tabaco, na Linha Estrela. “Eu sempre gostei de ouvir. A gente ia de noite, nos vizinhos, para acompanhar, principalmente a Farroupilha. Então quando comprei aquela ‘caixa de abelha’ foi uma grande alegria”, lembra o agricultor aposentado.
Vô Beto mora sozinho no Loteamento Eisermann, mas é vizinho de porta de uma das filhas, que vai ver o pai até três vezes por dia. “O pai faz a comida dele, coloca roupa na máquina e estende. Só não faz faxina pesada”, comenta Marly Eisermann, elogiando a saúde e disposição do patriarca.
Já que a vista não é mais ‘aquela coisa’ há um bom tempo, ler jornal ou assistir TV se tornou raridade. Por isso, vô Beto segue fiel ao meio de comunicação pelo qual se apaixonou ainda jovem e, na casa dele, são as vozes da Terra FM as mais ouvidas. A sintonia na emissora é das 5h30min, quando acorda, até as 22h, quando vai dormir, seja no aparelho maior, o ‘radião’ na estante da sala, ou no radinho que fica sobre a mesa da cozinha.
Entre os programas favoritos, está o Alma Gaúcha, aos domingos pela manhã (já que adora música gauchesca), e o Terra Bom Dia, de segunda a sexta, onde a maior estrela também faz parte do time dos avós. “Eu adoro a vó Gegê. Às vezes, ela vem com umas piadas meio fortes, mas dou muita risada”, relata vô Beto.
Curiosidade
• Além de Marly, 66 anos, Alberto Oliveira da Cruz é pai de Paulo e Marlene (já falecidos) e Claudio, que tem 68 anos. Vô Beto foi casado com Laura da Costa Cruz (1932-1989). É ela quem dá nome à Casa Laura, empreendimento mantido pelo filho Claudio, na RSC-287.
