Após o anúncio dos shows da 17ª Festa Nacional do Chimarrão (Fenachim), no fim da tarde desta quarta-feira, 6, pais e responsáveis de Venâncio Aires procuraram o Conselho Tutelar pedindo medidas contra o show do DJ Wesley Gonzaga, marcado para a tarde do sábado, dia 11 de maio, em formato matinê, para crianças e adolescentes entre 10 e 17 anos.
O motivo são as músicas e vídeos do artista, que fazem apologia à violência, ao crime, ao consumo de drogas, ao sexo precoce e à objetificação da mulher. A conselheira tutelar Luciane Wagner afirma que já foram mais de 20 solicitações feitas desde ontem.
O Conselho Tutelar se posiciona contra o evento e pede o cancelamento ou substituição da atração. Um ofício foi enviado para o Juizado da Criança e do Adolescente, Ministério Público e Poder Executivo, pedindo providências urgentes relacionadas ao evento matinê.
Luciane e os demais conselheiros sustentam que o evento vai contra todo o trabalho de prevenção e orientação feito pelo Conselho Tutelar, sendo que, atualmente, 90% dos atendimentos feitos no local envolvem o consumo de drogas no núcleo familiar. “Trabalhamos muito e trazem justamente um show que estimula tudo que lutamos contra”, diz ela.
O conselheiro tutelar Jeferson Schultz ressalta que o show vai contra princípios do Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), como a possibilidade de comparecer mesmo sendo menor de idade, e o conteúdo impróprio das músicas para esta faixa etária. “Queremos resguardar os direitos das crianças, que serão violados caso esse show aconteça”, destaca.
O promotor de Justiça responsável por assuntos de infância e Juventude, Fernando Buttini, confirmou à reportagem da Folha do Mate e Terra FM que já recebeu e tomou conhecimento do ofício do Conselho Tutelar. Ele instaurou um expediente e remeteu documento à organização da Fenachim solicitando informações a respeito.
Organização da Fenachim
A coordenadora de Marketing e Eventos da Fenachim, Daiana Nervo, contatada pela reportagem sobre uma posição da festa a cerca da repercussão, afirma que o ofício não foi direcionado à Fenachim e sim ao Ministério Público (MP). “Mas estamos buscando nos reunir com o MP e vamos acatar todas as recomendações que forem feitas. De forma nenhuma é intenção da festa ofender qualquer direito em qualquer faixa etária de público”, completa.