Cerca de 300 pessoas da região, entre lideranças políticas, produtores rurais e representantes de entidades da cadeira produtiva do tabaco, se reuniram na manhã desta sexta-feira, 16, para debater e entender os principais anseios do setor produtivo em relação à 10ª Conferência das Partes (COP 10), da Convenção-Quadro para Controle do Tabaco (CQCT). O evento internacional será realizado no Panamá, em novembro deste ano.
O primeiro encontro promovido pela subcomissão em defesa do setor produtivo do tabaco e de acompanhamento da COP 10 da Assembleia Legislativa foi realizado na Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Sul. Ao longo dos 120 dias de duração desse grupo de trabalho, outras nove reuniões serão realizadas em municípios do interior do Rio Grande do Sul.
O cronograma com essas datas deverá ser divulgado nos próximos dias pela Assembleia Legislativa, mas o que já se sabe é que Venâncio Aires vai sediar a quarta edição das reuniões. Segundo o deputado estadual Elton Weber (PSB), que presidiu os trabalhos na manhã de ontem, a previsão é encerrar esse ciclo entre o fim de julho e o início de agosto.
O último encontro ocorrerá em Porto Alegre, quando serão apresentados todos os dados compilados ao longo do trabalho. Depois, será elaborado um relatório com todas as avaliações e sugestões da cadeia produtiva do tabaco, de todas as regiões que sediarão as reuniões da Assembleia Legislativa, que será apresentado ao Governo Federal.
“Esta primeira reunião é o start de diversas reuniões que vão acontecer para juntarmos todas as forças possíveis para que possamos ser mais ouvidos junto ao Governo Federal, quando for tomada, entre o fim de agosto e o início de setembro, a posição do Brasil para a COP 10”, ressaltou Weber.
Ele lembrou que essas discussões envolverão, além de deputados e prefeitos, produtores rurais, indústria, comércio e representantes de sindicatos e outras entidades da cadeia produtiva do tabaco. “Para que possamos defender o produtor de fumo, a fumicultura, sem marginalizar e colocar falsos rótulos em uma atividade importante econômica, de desenvolvimento e geração de emprego e renda”, acrescentou.
O proponente da subcomissão, deputado Marcus Vinícius de Almeida (PP) não pôde participar presencialmente da reunião em razão da chuva registrada no Rio Grande do Sul hoje que impediu o pouso do avião em que ele estava retornando de Brasília. Mas, de Curitiba, ele fez uma explanação virtual, na qual ressaltou que a ideia da criação desse grupo de trabalho surgiu para que se tenha organizada e definida uma posição imparcial do estado em relação à Convenção Quadro.
“Poder fazer um evento como esse em Santa Cruz do Sul, na capital sul-americana da cultura do tabaco, é a oportunidade de ouvir todos aqueles que não tem direito a voz nesse evento [COP 10]. Se ignorarmos a nossa história e a nossa vocação, vamos ignorar a nossa chance de ter um futuro digno”, afirmou. Os deputados estaduais Edivilson Brum (MDB) e Kelly Moraes (PL) também participaram da atividade.
Representantes de Venâncio
O prefeito de Venâncio Aires e vice-presidente da Associação dos Municípios Produtores de Tabaco (Amprotabaco), Jarbas da Rosa, salientou a importância da cultura do tabaco para a Capital do Chimarrão. Ele ainda defendeu que é necessário que se trabalhe politicamente o assunto.
“O Ministério da Saúde não pode fazer uma campanha publicitária discriminando nossos fumicultores. Meu pai é plantador de fumo, eu nasci plantando fumo e meu irmão também planta. Aquilo que foi feito [campanha do Inca] é uma agressão aos nossos fumicultores e isso nós não vamos admitir. Neste país o tabaco é lícito. Qualquer um pode plantar tabaco”, disse, em meio aos aplausos dos participantes da reunião.
O deputado estadual e ex-prefeito de Venâncio Aires, Airton Artus (PDT), avaliou como muito positiva a primeira reunião da subcomissão em defesa do setor produtivo do tabaco e de acompanhamento da COP 10. Para ele, o encontro foi importante no sentido de esclarecer a importância econômica, social e a relação entre produção e consumo e, ainda tratar sobre posicionamento do Brasil perante os outros países na COP 10.
Artus ainda citou a importância do diálogo com o Ministério das Relações Exteriores. “Ele foi muito importante nas COPs anteriores. Inclusive naquelas que eu fui, foi esse ministério que, na reta final, reposicionou e organizou o Brasil a fim de que não houvesse uma restrição ao plantio do tabaco.” Para o parlamentar também é necessário se repensar o que ele chama de ‘ranço’ contra o tabaco.
“Essa relação produção/consumo precisa ser muito bem discutida. Acredito que se conseguirmos sensibilizar os nossos representantes do Executivo agora e depois na convenção, poderemos manter, pelo menos, por um bom tempo, esta produção e a liberdade se as pessoas quiserem diversificar ou trocar de produto”, avaliou. Também da Capital do Chimarrão, participaram os vereadores Sandra Wagner (PSB), Claidir Kerkhoff (União Brasil) e Clécio Espíndola (PTB).
O que disseram
- O encontro promovido em Santa Cruz contou com a participação de representantes de diversas entidades ligadas à cadeia produtiva do tabaco e outras instituições, como a Farsul, a Amprotabaco, a Fentifumo, a Emater, a Fetag-RS, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, coordenação regional da Secretaria Estadual de Agricultura e Unisc. A prefeita de Santa Cruz, Helena Hermany, também participou do encontro.
- O presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Iro Schünke, falou sobre a expectativa para os próximos meses. “Teremos muito trabalho pela frente. O que temos visto em outras edições é que a cadeia produtiva não é ouvida. Precisamos de um trabalho rápido para que o relatório fique pronto antes de agosto, para que sejamos efetivos nas proposições voltadas à Brasília. O apoio de todos é necessário, mas em Brasília. A pressão política é a única forma para que possamos avançar”, destacou.
- O presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) também se pronunciou sobre o tema. “Ao compararmos com outras culturas, como soja e milho, que são tradicionais na diversificação da propriedade, o faturamento médio de um hectare de tabaco equivale a 6,52 hectares de soja e 6,85 hectares de milho. O produtor não precisa plantar comida, ele precisa plantar tabaco para ter comida na mesa”, destacou. (Com informações da Assessoria de Imprensa do SindiTabaco)