Para alguns, altura é sinônimo de medo. Mas, para o venâncio-airense Luis Kroth, virou um hobby. Ele já experimentou esquiar e andar de moto de trilha, e escalar foi mais um desafio que resolveu enfrentar. Kroth subiu a montanha Lobuche, no Nepal, na base do Everest – montanha de maior altitude do mundo -, com 6.119 metros. É um treinamento caso queira escalar ainda mais. Ele participou de um grupo de 11 integrantes.
Foram seis meses de preparação, com alimentação regrada, exercícios e cuidado, principalmente, com a melhora da capacidade cardiorrespiratória, além de quatro meses aliando aos trabalhos de força por causa da altitude. Na aventura, ainda estava incluso passar pelo aeroporto mais perigoso do mundo, de Lukla, que tem a pista de pouso em um penhasco entre as montanhas.
O gaúcho elenca dois momentos importantes da viagem: “Uma, quando estávamos subindo uma parte de gelo e vimos o amanhecer e, outra, ao chegar ao cume da montanha”, relembra. Ele conta que, de três pessoas, foi o único a chegar ao topo da montanha, junto com o guia. “Um não subiu, o outro faltou muito pouco e eu consegui chegar”, afirma. Para ele, chegar ao cume foi uma realização muito grande, apesar dos desafios. “Durante o percurso, um trajeto de descida entendi como mais perigoso, mas nunca pensei em desistir”, comenta.
Para Kroth, o principal desafio foi a altitude. De acordo com ele, houve duas noites em que a oxigenação baixou e, na terceira, não dormiu para não acontecer novamente. “Essa não foi a mais perigosa, mas a mais tensa”, recorda.
Por 15 dias, a alimentação foi à base de farinhas, massas, pizzas e sopas, sem carne e embutidos. “A comida é ótima, mas não tem o nosso tempero”, diz. Acordar cedo fazia parte da rotina. O grupo levantava por volta das 6h, tomava café no vilarejo e já saía para a caminhada. Durante o dia, as paradas nos vilarejos eram para alimentação. O grupo caminhava em torno de 10 quilômetros por dia, sempre em elevação. “Bem receber todo mundo é uma das culturas Sherpas”, comenta ele, ao se referir aos moradores da região.
Nas mochilas, carregavam o básico, como água, protetor solar, protetor labial, óculos, casaco, capa de chuva e barra de cereal. “Do primeiro até o quarto dia, fomos esvaziando as mochilas, porque aprendemos o que realmente era necessário levar”, conta. A temperatura se mantinha na casa dos 10 graus positivos durante o dia e, à noite, os termômetros chegavam a marcar 25 graus negativos. Kroth relata que, a partir de certa altura, não se enxerga mais vegetação nem animais.
Metas
Já se passou mais de um mês da viagem de Kroth e a admiração pelo lugar permanece. “O monte Everest é imenso. A gente acaba recebendo muito mais do que procura. É incrível”, acrescenta. Para 2023, o empresário pretende escalar o Chimborazo, no Equador, e o Aconcaguá, na Argentina. Já para 2024, pretende verificar as habilitações que ainda precisa para escalar o Everest. “Quem faz essas expedições, cria um requisito mínimo de experiência com montanha. Um pouco já tive nesta viagem, mas para chegar ao Everest são mais exigências”, destaca.
Ele comenta que durante o percurso conheceu muitas pessoas que talvez não tivessem condição financeira, mas que idealizaram e correram atrás. “Tem que acreditar nos sonhos e ir em busca”, afirma. O venâncio-airense ressalta que, caso consiga realizar o sonho de escalar o Everest, indica a Aretha Duarte, que foi inspiração para o autor do livro ‘Da sucata ao Everest’. Aretha foi a primeira mulher brasileira negra a escalar a montanha mais alta do mundo. Kroth agradece aos alpinistas Moisés Fiamoncini e Rúbia Gisele, que foram responsáveis para a realização dos sonhos de chegar à base campo do Everest e subir no Lobuche.
Indicações
Para quem curte aventuras e escaladas, Kroth indicou alguns perfis no Instagram para acompanhar:
@gbassanesi – Escalou o Everest neste ano
@joelkriger – Foi o 31° brasileiro a escalar o Everest
@aretha_duarte – Primeira negra latino-americana ao chegar ao cume do Everest
Saiba mais
• O monte Everest é o pico mais alto do mundo, localizado no Nepal. A montanha está a 8.848,86 metros acima do nível do mar, de acordo com a National Geographic.